Término: 31/05/2012 23:55
Caros alunos, boa tarde! Estamos nos aprofundando nos estudos sobre a libras e, inevitavelmente, acabamos entrando também em questões identitárias.
Falamos em quase todas as aulas que "surdo não é tudo igual", que se trata de um grupo heterogêneo e bastante complexo. Defendemos a libras e o direito da comunidade surda de se expressar por meio desta língua. Pois bem! Proponho neste fórum que olhemos para esta questão por outro prisma.
Leiam o texto anexo e elaborem um comentário sobre ele. Neste comentário, procurem, de fato, olhar para esse fenômeno (e essa comunidade) com olhos científicos e críticos, ok?
Não se esqueçam de comentar as postagens dos colegas e usar a norma culta.
Abraços e boas reflexões!
Profª Maria Carolina
TEXTO DO ANEXO
Sinceramente? Acho um porre deficiência auditiva ser confundida com LIBRAS e me ver obrigada a abordar esse tema toda hora. Como reclamei no meu post de quarta passada, quero liberdade pra falar de surdez sem ter que entrar no assunto “língua de sinais” porque existe um grupo que não a utiliza e que precisa ser divulgado também.
Mas, vez em quando, aparece umas situações que fica praticamente impossível não entrar nesse assunto. Semana passada, fiquei sabendo que existe um projeto de lei para exigir toda a educação básica de deficientes auditivos de qualquer nível ser obrigatoriamente ser feita em LIBRAS. O autor desse projeto é senador Cristovam Buarque. Quem acha que é exagero meu, dá uma lida nessa matéria do Correio do Brasil: Comunicação por Libras poderá ser obrigatória para alunos deficientes auditivos da educação básica.
Veja bem, uma coisa é a escola especial com educação bilíngue estar à disposição de quem acredita que esse é o melhor caminho para as crianças com deficiência auditiva. Outra, bem diferente, é exigir que esse seja a única opção de educação disponível.
É certo exigir que um deficiente auditivo de grau moderado, com boa compreensão da fala com apoio de aparelho seja forçado a estudar obrigatoriamente através da LIBRAS? Ou uma criança implantada antes dos 2 anos, com 90% de chance de ter audição similar a de ouvintes, que nem mesmo utiliza a leitura labial, ser forçada a isso? E uma criança que perdeu a audição depois da aquisição da fala e se vira perfeitamente por leitura labial? Ou simplesmente negar à família o direito de escolher qual tipo de educação prefere para a criança, num país onde se respeita escolha de credo, religião, alimentação, time de futebol e várias outras coisas? Onde está o respeito por aqueles que optam não ter LIBRAS como Língua 1 ou simplesmente não querem aprender?
Que a LIBRAS deve ser oferecida como opção, não dou palpite. Mas oferecer é bem diferente de impor e negar qualquer alternativa. Direito e dever são coisas bem diferentes.
Eu concordo com a lei da LIBRAS, que deve ser uma forma de comunicação das comunidades surdas reconhecida pro lei. Concordo com acessibilidade através dela. Concordo que haja intérpretes de LIBRAS em tudo que é lugar e cursos de LIBRAS a disposição da população que se interesse de aprender. Mas discordo piamente que ela é uma obrigação de todo deficiente auditivo e que tem que ser a primeira e principal língua utilizada por todo e qualquer deficiente auditivo de qualquer grau. Isso é uma escolha de foro íntimo, de núcleo familiar. E não pode ser o governo ou a cultura surda a decidir. Os pais devem ter autonomia do que consideram melhor para seus filhos. Assim como a própria criança ensurdecida depois da aquisição da fala, deve ter o direito garantido de manter o português como primeiro (ou único idioma). Esse projeto de lei fere o direito de escolha individual!!
Da mesma forma que pedem respeito pela LIBRAS, é preciso que respeitem também a opção de quem prefere português como primeiro idioma. E/ou quem tem afinidade com aparelhos e implantes auditivos. E/ou quem perde a audição e quer manter o idioma que sempre falou. O respeito deve ser sempre em via de mão dupla, nunca exigido apenas de um dos lados!
E o pior, enquanto debatemos isso, vem nego dizer que não podemos ser exemplo de nada, porque nem todas as crianças surdas tem a mesma condição que nós. Acho um desaforo essa mania de alguns de nivelar tudo por baixo. Quer dizer que se os pais tem condição de pagar fono, dar aparelho ao filho, todo o suporte de apoio para que ele esteja numa escola inclusiva que corresponda às necessidades dele a ponto da língua portuguesa ser tida como primeiro idioma da criança, ela não tem o direito de optar por isso, só porque tem crianças que não tem o mesmo acesso?
Será mesmo que essas pessoas que exigem essa conivência da nossa parte com uma lei que prega a DITADURA da LIBRAS, que nega o direito de escolha educacional à família, deixa de comer comida de boa qualidade ou comprar coisas de boa qualidade, só porque a maior parte dos brasileiros não tem acesso ao mesmo?
Fácil exigir que o outro seja humilde e comportado, assistindo de longe. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, não é mesmo?
Em tempo, eu respeito a língua de sinais sim, embora prefira não debater o assunto. Mas, jamais vou respeitar DITADURAS! Não se nega ao cidadão o direito de escolha, principalmente em casos como esse!
(Fonte: http://desculpenaoouvi.laklobato.com/index.php/2011/09/12/rumo-a-ditadura/)
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